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cesta
feira
Paulo Leminski
oxalá estejam
limpas
as roupas brancas de sexta
as roupas brancas da cesta
oxalá teu dia de festa
cesta cheia
feito uma lua
toda feita de lua cheia
no branco
lindo
teu amor
teu ódio
tremeluzindo
se manifesta
tua pompa
tanta festa
tanta roupa
na cesta
cheia
de sexta
oxalá estejam limpas
as roupas brancas de sexta
oxalá teu dia de festa
mesmo
na idade
de virar
eu mesmo
ainda
confundo
felicidade
com este
nervosismo
eu
quando olho nos olhos
sei quando uma pessoa
está por dentro
ou está por fora
quem está por fora
não segura
um olhar que demora
de dentro do meu centro
este poema me olha
Paulo Leminski nasceu aos 24 de agosto de 1944 na cidade de Curitiba, Paraná.
Em 1964, já em São Paulo, SP, publica poemas na revista "Invenção", porta
voz da poesia concreta paulista. Casa-se, em 1968, com a poeta Alice Ruiz. Teve dois
filhos: Miguel Ângelo, falecido aos 10 anos; Áurea Alice e Estrela. De 1970 a 1989, em
Curitiba, trabalha como redator de publicidade. Compositor, tem suas canções gravadas
por Caetano Veloso e pelo conjunto "A Cor do Som". Publica, em 1975, o romance
experimental "Catatau". Traduziu, nesse período, obras de James Joyce, John
Lenom, Samuel Becktett, Alfred Jarry, entre outros, colaborando, também, com o suplemento
"Folhetim" do jornal "Folha de São Paulo" e com a revista
"Veja". No dia 07 de junho de 1989 o poeta falece em sua cidade natal. Paulo
Leminski foi um estudioso da língua e cultura japonesas e publicou em 1983 uma biografia
de Bashô. Sua obra tem exercido marcante influência em todos os movimentos poéticos dos
últimos 20 anos. Seu livro "Metamorfose" foi o ganhador do Prêmio Jabuti de
Poesia, em 1995. Em 2001, um de seus poemas ("Sintonia para pressa e
presságio") foi selecionado por Ítalo Moriconi e incluído no livro "Os Cem
Melhores Poemas Brasileiros do Século", Editora Objetiva Rio de Janeiro.
Bibliografia:
- Catatau (prosa experimental). Curitiba, Ed. do Autor, 1975.
- Quarenta clic's de Curitiba. Poesia e fotografia, com o fotógrafo Jack Pires. Curitiba,
Etecetera, 1976.
- Polonaises. Curitiba, Ed. do Autor, 1980.
- Não fosse isso e era menos/ não fosse tanto e era quase. Curitiba, Zap, 1980.
- Tripas. Curitiba, Ed. do Autor, 1980.
- Caprichos e relaxos. São Paulo, Brasiliense, 1983.
- Agora é que são elas (romance). São Paulo, Brasiliense, 1984.
- Hai Tropikais (com Alice Ruiz). Ouro Preto, Fundo Cultural de Ouro Preto, 1985.
- Um milhão de coisas. São Paulo, Brasiliense, 1985.
- Guerra dentro da Gente. São Paulo, Scipione, 1986.
- Caprichos e relaxos. São Paulo, Círculo do Livro, 1987.
- Distraídos venceremos. São Paulo, Brasiliense, 1987.
- A lua foi ao cinema. São Paulo, Pau Brasil, 1989.
- La vie en close. São Paulo, Brasiliense, 1991.
- Metaformose, uma viagem pelo imaginário grego (prosa poética/ ensaio). Iluminuras,
São Paulo, 1994. (Prêmio Jabuti de Poesia, 1995)
- Winterverno (com desenhos de João Virmond). Fundação Cultural de Curitiba, Curitiba,
1994.
- Szórakozott Gyozelmunk (Nossa Senhora Distraída) Distraídos venceremos,
tradução de Zoltán Egressy.
- Coletânea organizada por Pál Ferenc - Hungria, ed. Kráter, 1994.
- Descartes com lentes (conto). Col. Buquinista, Fundação Cultural de Curitiba,
Curitiba, 1995.
- O ex-estranho. Iluminuras, São Paulo, 1996.
- Melhores poemas de Paulo Leminski. (seleção Fréd Góes) Global, São Paulo, 1996.
- Aviso aos náufragos. Coletânea organizada e traduzida por Rodolfo Mata. Coyoacán -
México, Eldorado Ediciones, 1997.
- Agora é que são elas (romance). Fundação Cultural de Curitiba, 1999.
Texto extraído do livro
"Toda
Poesia / Paulo Leminski".
Editora
Companhia das Letras -
São Paulo: 2013, pág. 34.
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