Gerolyne
Artur de Carvalho
Sempre, quando dizia seu nome, tinha que ouvir:
- Gero... o quê?
Gerolyne, com ipisilom. Parecia nome de sabonete. Gerolyne. Não sabia de onde sua mãe
tinha tirado aquilo. Nem seu pai. Não tinha conhecido os dois. Não que tivessem feito
falta. A avó cuidou como se fosse filha. Pena que a avó também morreu logo.
Casou cedo, aos quinze anos. Ficou apaixonada pelo mecânico que só a chamava de Gerô.
Achava lindo: Gerô. Queria poder assinar assim. Um dia, o marido resolveu que ia fazer a
felicidade da esposa.
- Quer trocar de nome? Troca. Pode ir que eu tenho uma grana sobrando. Presente de dez
anos de casamento.
O melhor presente do mundo. Foi no cartório. Ia ficar caro.
- Dinheiro não é problema. Só quero mudar de nome.
Agora chamava Gerô. E assinava Gerô. As pessoas ainda perguntavam:
- Gê...o quê?
E ela respondia:
- Gerô. Com circunflexo.
Feliz da vida.
Artur de Carvalho (1962 - 2012) colaborou com o "Diário de Votuporanga", interior de
São Paulo, de 1997 à 2012. Autor dos livros "O Incrível Homem de Quatro Olhos",
edição do autor Votuporanga, 2000, e "Pah!", Vialettera Editora, 2003.
Além de excelente escritor e cronista, era cartunista e ilustrador dos melhores.
Seus trabalhos podem ser conferidos em seu site, onde também
se pode comprar os livros:
Sítio:
www.arturdecarvalho.com.br
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